05/08/2020
Metafísica na Rede - Debate Cosmopolítica e Cosmofobia
05 de agosto, às 17h, pelo Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=lBlhkKzzHmo
Antônio Bispo dos Santos, intelectual e liderança quilombola, e Marcio Goldman, professor do Museu Nacional/UFRJ, debatem dois conceitos centrais para compreendermos a ecologia política contemporânea.
O termo Cosmopolítica foi cunhado por Isabelle Stengers. Trata-se de uma proposição formulada no campo da filosofia da ciência, relacionada a uma necessidade de diminuir nossa velocidade em direção às soluções aos problemas encarados pelas ciências. Diminuição de velocidade que permite, a um só tempo, que se analise os caminhos traçados para uma solução e se verifique aquilo que é excluído desses mesmos caminhos enquanto ruído ou irrelevante. Que possibilite, portanto, um encontro de heterogêneos sem assimilação ou destruição mútua.
Se o conceito aparece nesse campo da filosofia da ciência, ele logo passou a ser usado em outras áreas, como a antropologia, onde, evidentemente, adquiriu alguns contornos novos. Pois não se trata apenas do que é excluído do processo de constituição do conhecimento científico válido, mas da existência de perspectivas heterogêneas acerca da relação entre o conhecido e o desconhecido, a harmonia e o caos, o natural e o sobrenatural. Perspectivas que dão consistência a modos de vida heterogêneos que podem não apenas coexistir, mas confluir, cruzar, tangenciar e, por vezes, colidir.
O segundo termo, Cosmofobia, foi criado por Antônio Bispo dos Santos para denominar uma certa perspectiva acerca dessas relações entre o conhecido e o desconhecido, a harmonia e o caos, o natural e o sobrenatural, perspectiva pautada pela fobia ou terror ao Cosmos que caracterizaria o mundo chamado “moderno”. Com este termo, busca-se, a um só tempo, apontar para o terror como um motor interno de funcionamento de um certo modo de vida — por medo de uma força superior se age de determinada forma —, assim como seu terror em relação a outras perspectivas e modos de vida diferentes do que ela sustenta. O que Antônio Bispo dos Santos destaca é o fato de que tal terror, interno e externo, impulsiona a ação de dominação e extermínio de modos de vida heterogêneos, ação que ele denomina colonização e em relação à qual propõe um contracolonialismo ininterrupto.
Moderação: Priscila Borges (UnB) e Aia (Vânia Silva) (Archai/UnB e Fórum de Políticas Públicas para Mulheres do município de Goiás)
Marcio Goldman é doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ, atua como docente na mesma instituição. Há décadas desenvolve pesquisas junto a um terreiro de matriz africana em Ilhéus, Bahia. Autor dos livros Como funciona a democracia, Alguma Antropologia, Razão e Diferença, entre outros.
Antônio Bispo é mestre e liderança do Quilombo Saco-Curtume, no Piauí. É autor do livro Colonização, Quilombos: modos e significados. Já atou como sindicalista e também como professor no projeto Encontro de Saberes, tanto na UFMG quanto na UnB., intelectual e liderança quilombola, e Marcio Goldman, professor do Museu Nacional/UFRJ, debatem dois conceitos centrais para compreendermos a ecologia política contemporânea.
O termo Cosmopolítica foi cunhado por Isabelle Stengers. Trata-se de uma proposição formulada no campo da filosofia da ciência, relacionada a uma necessidade de diminuir nossa velocidade em direção às soluções aos problemas encarados pelas ciências. Diminuição de velocidade que permite, a um só tempo, que se analise os caminhos traçados para uma solução e se verifique aquilo que é excluído desses mesmos caminhos enquanto ruído ou irrelevante. Que possibilite, portanto, um encontro de heterogêneos sem assimilação ou destruição mútua.
Se o conceito aparece nesse campo da filosofia da ciência, ele logo passou a ser usado em outras áreas, como a antropologia, onde, evidentemente, adquiriu alguns contornos novos. Pois não se trata apenas do que é excluído do processo de constituição do conhecimento científico válido, mas da existência de perspectivas heterogêneas acerca da relação entre o conhecido e o desconhecido, a harmonia e o caos, o natural e o sobrenatural. Perspectivas que dão consistência a modos de vida heterogêneos que podem não apenas coexistir, mas confluir, cruzar, tangenciar e, por vezes, colidir.
O segundo termo, Cosmofobia, foi criado por Antônio Bispo dos Santos para denominar uma certa perspectiva acerca dessas relações entre o conhecido e o desconhecido, a harmonia e o caos, o natural e o sobrenatural, perspectiva pautada pela fobia ou terror ao Cosmos que caracterizaria o mundo chamado “moderno”. Com este termo, busca-se, a um só tempo, apontar para o terror como um motor interno de funcionamento de um certo modo de vida — por medo de uma força superior se age de determinada forma —, assim como seu terror em relação a outras perspectivas e modos de vida diferentes do que ela sustenta. O que Antônio Bispo dos Santos destaca é o fato de que tal terror, interno e externo, impulsiona a ação de dominação e extermínio de modos de vida heterogêneos, ação que ele denomina colonização e em relação à qual propõe um contracolonialismo ininterrupto.
Moderação: Priscila Borges (UnB) e Aia (Vânia Silva) (Archai/UnB e Fórum de Políticas Públicas para Mulheres do município de Goiás)
Marcio Goldman é doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ, atua como docente na mesma instituição. Há décadas desenvolve pesquisas junto a um terreiro de matriz africana em Ilhéus, Bahia. Autor dos livros Como funciona a democracia, Alguma Antropologia, Razão e Diferença, entre outros.
Antônio Bispo é mestre e liderança do Quilombo Saco-Curtume, no Piauí. É autor do livro Colonização, Quilombos: modos e significados. Já atou como sindicalista e também como professor no projeto Encontro de Saberes, tanto na UFMG quanto na UnB.