13/09/2024

VI Congresso Internacional de Ontopsicologia e Desenvolvimento Humano: Inteligência Artificial e Tecnologia Humana

Faculdade Antonio Meneghetti, AMF.

Mais que discursos utópicos, futuristas, dos fins dos tempos ou ainda de teoria da
conspiração e até mesmo de quem vai vencer – o homem ou a máquina? Mais que reflexões
maniqueístas de bem ou mal e de colocá-la no papel de vilã chamemos a Inteligência Artificial
(IA) para conversar. Queremos ouvi-la, o que tem a dizer? Quem é ela? A que veio? Quais seus
objetivos? O que está realizando e o que irá realizar na interface com os seres humanos nos
tempos vindouros? Pois ela está em constante evolução e vem sendo estudada há décadas.

O ser humano pensa, mas diversos dados nos mostram que está deixando de ler, de
pensar, de refletir, de escrever à mão, e estamos adentrando uma época na qual a psique começa a
se satisfazer apenas com as imagens e não mais com o mundo real. Diversos autores, pensadores,
pesquisadores e estudiosos reforçam que para as jovens gerações o que é a realidade não vai mais
importar.
Vivemos disrupções, que por sua vez geram revoluções que levam a mutações. E ao longo
desses processos lá se vão setes revoluções cognitivas do sapiens com as passagens e
transformações da cultura da oralidade para a cultura da escrita, da escrita para a cultura do livro,
do livro para a cultura de massas, da cultura de massas para a cultura das mídias, das mídias para
a cultura do digital e atualmente, da cultura do digital para a cultura de dados. Diversos
pensadores e pesquisadores apontam que, provavelmente, a próxima será a era quântica. E, se a
IA generativa na cultura de dados já nos impressiona, admira e nos deixa boquiabertos, imaginem
o que poderá vir a ser a inteligência artificial quântica...

Dentro de todo este drama humano quase híbrido com a máquina já se fala de um
neo-humano. Mas que neo-humano é esse que ao invés de evoluir como a máquina e a
tecnologia, parece involuir? Sim, pois está sendo outorgado à máquina o status de uma super
inteligência, enquanto nós construímos um Eu muito preguiçoso. Que dirá falar de nossos valores
humanos, eles se esvaziaram, falta o escopo ou falta o sentido de nossa vida? Os jovens já não
sabem mais por que devem estudar, por que trabalhar, falta esta resposta – assim como tantasoutras. Vivemos com ansiedade, com depressão, com medo, repletos de receituários de tanta
medicação para tudo, com dificuldade de nos relacionarmos, com uma séria adição à internet,
viciados na dopamina que as imagens das telas instante a instante produzem em nós, assim como
os likes que pensamos, de fato, necessitar urgentemente, das infindáveis visualizações que nossos
posts e stories precisam ter, com uma total falta de atenção, de concentração, hiperativos e
extremamente cansados. E nós, humanos, que temos a capacidade de intus leggere actionem, isto
é, capacidade de ler dentro da ação, esta sim é a verdadeira inteligência, muito mais que a
inteligência racional (claro que precisamos e sempre teremos a racionalidade) – mas esta
inteligência em si e de per si, esta capacidade de ler dentro da ação viva da vida a máquina não
tem. E nós, que a temos, o que estamos fazendo com ela se a descrição acima é a que nos
consome e nos define na mais presente atualidade?
Ainda mais se focarmos a atenção exclusivamente em nosso grande Brasil, que se
converteu (e se converte a cada dia) em uma grande colônia digital, e não paramos por aí, urgente
discutir todas as situações aqui apontadas, e ainda, a dataficação da vida, a plataformização da
sociedade, a economia psíquica dos algoritmos, os sujeitos criados pela dataficação, as pessoas
informacionais, os dados que se constituem como uma nova camada material da realidade, a vida
sendo concebida como código e como processo informacional, o humano, o pós-humano, o
não-humano e o neo-humano, enfim, temos muito a conversar, a falar, a ouvirmos com uma
escuta ativa, a pensarmos e refletirmos para podermos agir. Este VI Congresso Internacional de
Ontopsicologia e Desenvolvimento Humano abrirá este espaço.
Com a capacidade de perceber, se sentir, de se emocionar, de criar consciência, de sermos
criativos, de intuir/intuição, de fazer nascer a vida em nós mesmos, inspiramo-nos para
realizarmos juntos este Congresso, trazendo para a finalização desta breve apresentação as ideias
disruptivas de Lúcia Santaella, ao dizer que:
“...Pensar é uma maneira de agir, pois nos arranca de ilusões reconfortantes e de nostalgias regressivas.
A potência do real consiste em sua insistência em subsistir. É dessa insistência que se nutre o pensamento.
Unir forças coletivas por uma avaliação lúcida da realidade conjugada à responsabilidade ética pode
abrir caminho para o resgate e permanência de tudo aquilo que o Sapiens sempre teve de melhor e que
não deve perder” (Santaella, 2022, p. 339).

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