16/11/2022

O filósofo brasileiro Gerd Bornheim colocou, com precisão, as questões que nos importam pensar: “A questão inicial que não se deixa elidir é a seguinte: trata-se apenas de ter uma filosofia, entre tantas que existem, ou muito mais de ser uma filosofia precisa, de tal modo que um determinado país encontrasse como que o seu espelho intelectual numa bem urdida trama de categorias? Com outras palavras: busca-se uma filosofia adjetivamente nacional ou exige-se que ela seja substantivamente nacional? E aqui aponta outra questão preliminar: a Filosofia deve ser nacional? Em que sentido? A sua autenticidade prende-se às fronteiras do moderno conceito de Estado-nação? E o que pensar dos gregos? O grande trunfo de seu pensamento não constituiu em estabelecer, e pela primeira vez na história do homem, uma episteme transregional?” (BORNHEIM, Gerd. “Filosofia e realidade nacional” In. O idiota e o espírito objetivo. 2ª ed. Rio de Janeiro: UAPÊ, 1998. p. 164). Podemos dizer que são essas, também, as questões da XV Jornada de Filosofia da UENP, cujo tema é a Filosofia no Brasil. Aparentemente não temos uma tradição filosófica que pode ser chamada de brasileira. Contudo, há outras questões de fundo que precisam também ser colocadas: em quais sentidos se diz que algo é brasileiro? Quais critérios precisam ser observados para que uma prática, como a filosofia, possa ser assim chamada? Qual é o sentido, ou os sentidos, de brasilidade? Não há dúvida da presença da filosofia no Brasil. Ainda que ameaçada por aqueles que a temem, a filosofia resiste. Com que forças ela resiste? Com que forças ela se alia para resistir? A brasilidade, um devir brasileiro, não influiria nela um novo modo de existir? Essas questões se impõem como tarefa, especialmente no meio filosófico universitário que parece conviver, tranquilamente, com a ausência da brasilidade. É o que motiva a Jornada deste ano de 2022.  Além do ensino, a atividade de toda a Universidade também deve incluir a pesquisa e a extensão. A “Jornada de debates: encontros com a Filosofia” visa precisamente incluir, no cotidiano da vida acadêmica do ensino, a pesquisa e a extensão. O evento procura abrir as portas e os muros da Universidade para outras perspectivas.