11/12/2019
"Contra Sócrates" Lúcio Álvaro Marques (Organizador)
No Brasil, a história testemunha quatro grandes tentativas de silenciar o pensamento e, principalmente, o ensino de humanidades: a primeira, os processos de conquistas material (domínio territorial e escravidão dos corpos de povos originários e africanos), espiritual (redução das populações à condição de bárbaros carentes de colonização, catequização, civilização e redução educacional) e simbólica (destruição e supressão completa dos vestígios culturais e históricos dos povos originários e africanos) que culminaram na imposição da cultura eurocêntrica totalitária em detrimento do dominium dos corpos e territórios pelas duas populações e consequente redução de seus corpos à condição de usum nos meandros da máquina escravocrata; a segunda, a expulsão dos jesuítas e o desmonte das estruturas de ensino no período colonial por obra do Marquês de Pombal não apenas colapsou o ensino quanto ocultou historicamente as fontes documentais por um longo período, além da recusa lusitana em estender o ensino de algumas faculdades à América Portuguesa; a terceira, a redefinição e/ou exclusão do ensino de ciências humanas durante a ditadura militar (1964-85) mediante a imposição de um sistema ÃÂÃÂmilitarizanteÃÂÃÂ de conhecimento e a revisão completa dos conteúdos com permissão de ensino; enfim, a quarta encontra-se em curso, por um lado, através da flexibilização da oferta de humanidades na forma de ensino a distância (EaD) imposta pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, por outro, a tentativa do atual ministro da Educação e do presidente que ameaçam cortar recursos das ciências humanas e sociais (em maio de 2019) em benefício de ciências que, segundo eles, teriam maior impacto social. Nesse cenário, complexo e diversificado, os autores dos escritos ora reunidos foram interpelados por esta questão: por que o Estado não suporta Sócrates?
210p.
ISBN: 978-65-81110-08-6
DOI: 10.36592/978-65-81110-08-6
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