12/11/2024
Livro discute a poética do luto em Catulo - maior poeta lírico da Roma Antiga
A Editora Madamu lança 2ª. edição do livro Mudas cinzas, em que a professora Katia Teonia discute a poética do luto na obra de Catulo. No prefácio do volume, a profa. Cristina Santos Pinheiro, da Universidade da Madeira, afirma que acredita haver “obras que não necessitam de um prefácio, que se impõem pelo interesse que suscitam, pela clareza com que são redigidas e pela consistência com que são concebidas. Mudas cinzas: Catulo e a poética do luto é uma dessas obras. [...] A análise que Katia desenvolve em Mudas cinzas, extremamente coerente, prende-nos em cada linha, num percurso que nos leva através dos meandros da dor de quem a plasmou em versos que – eles, sim – desafiaram a mortalidade. Estes meandros são perscrutados com sensibilidade e competência pela autora, que lhes reconhece e respeita a complexidade, em cinco capítulos centrais que exploram aspectos diferentes do luto na obra de Catulo.”
"Catulo é lembrado como poeta do amor, mas ele era igualmente um poeta do luto – com efeito, luto e amor andam de mãos dadas, uma vez que ficamos de luto pela perda de pessoas amadas. Neste livro elegante, Katia Teonia reúne e explora com sensibilidade os poemas de Catulo sobre morte e luto. Com fazê-lo, ela ilumina o outro lado do brilhante poeta de Roma, que morreu muito jovem." - David Konstan, Professor of Classics, New York University.
SOBRE A AUTORA
Katia Teonia Costa de Azevedo é Professora de Língua e Literatura Latina do Departamento de Letras Clássicas e do Programa de Pós-graduação em Letras Clássicas da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestra e Doutora em Letras Clássicas pela mesma instituição, dedica-se à docência, à pesquisa e à extensão. Entre os temas de interesse a que se dedica destacam-se o luto, as questões de gênero, o ensino de línguas clássicas e a recepção da cultura clássica.
SOBRE CATULO
Caio Valério Catulo (Caius Valerius Catulus) relacionou-se com as figuras mais famosas de sua época, como Cícero, o historiador Cornélio Nepos e o próprio Júlio César. Contudo, a maior presença em sua curta vida foi a da amante, Clódia, que em seus poemas recebe o nome de Lésbia, nome inspirado em Safo, a poetisa grega.
Segundo as poucas informações de que os estudiosos dispõem, Catulo parece ter começado a escrever na adolescência, publicando seus poemas separadamente ou em pequenos conjuntos, até formar uma coletânea, dedicada a Cornélio Nepos.
De acordo com o professor João Angelo Oliva Neto (USP), "Catulo pertenceu a um grupo de poetas e intelectuais que, nos meados do século 1 a.C., rompeu com o passado literário romano". Daí as críticas que tal grupo recebia, por exemplo, de Cícero, que os chamava, ironicamente, de "poetas novos".
Os poemas longos de Catulo apresentam diversidade de metrificação. Quanto às peças curtas, nelas se destacam os epigramas elegíacos. Sua obra tem nítida influência dos modelos alexandrinos. E, em alguns casos, é evidente o uso que ele faz - verdadeira transposição - de poemas escritos por gregos, como Calímaco.
Catulo inaugurou na literatura romana uma forma nova - o poema leve, gracioso e elegante, para preencher uma lacuna existente entre a tragédia e poema épico de um lado, e a comédia e a sátira do outro. Ele exerceu considerável influência sobre seus sucessores romanos - e também sobre Ovídio, Horácio e Marcial.
Tornou-se, assim, o maior poeta lírico da Roma antiga. Foi um dos primeiros poetas a incorporar elementos da paisagem a seu mundo verbal, como reflexo de sentimentos pessoais. Seus poemas, muitas vezes, parecem falar de emoções próprias do homem ocidental contemporâneo.