24/04/2023
Processos de subjetivação, governamentalidade neoliberal e resistência: uma leitura a partir de Michel Foucault e Judith Butler
Livro publicado pelo Editora Intermeios
A presente pesquisa tem por objetivo apresentar a analítica do poder e a noção de resistência no pensamento de Michel Foucault, bem como explicitar como Judith Butler dialoga com esses conceitos e os redimensiona em uma leitura original e atualizada da governamentalidade neoliberal contemporânea. A tese aqui defendida foi que, para esses dois filósofos, existe uma importância decisiva do processo de subjetivação tanto no exercício das relações de poder da governamentalidade neoliberal quanto na formação de resistências a essa governamentalidade, mais especificamente, na contemporaneidade ético-político-econômica do neoliberalismo dos séculos XX e XXI. Inicialmente, apresentou-se a analítica do poder foucaultiana, com ênfase nos processos de subjetivação no exercício dos dispositivos de poder moderno e contemporâneo, e na proposta butleriana sobre a necessidade de se realizar uma nova analítica do poder que atualizasse o que Foucault defendeu, mas partindo dos novos movimentos do poder contemporâneo e explicitando a ressurgência da soberania no seio da governamentalidade. Em seguida, foi aprofundada a noção de governamentalidade neoliberal, caracterizando o neoliberalismo alemão e norte-americano e, seguindo a análise foucaultiana, demonstrou-se que o neoliberalismo é, mais que um regime econômico, uma racionalidade neoliberal, sendo o processo de subjetivação uma categoria decisiva no seu exercício de poder. Explicitou-se, ainda, a interlocução de Butler com essas questões foucaultianas em relação ao assujettissement, na qual critica Foucault por este desconsiderar o potencial de subversão da psique nas análises do poder e na formação de resistência ao exercício da governamentalidade. Por fim, foram abordadas as possibilidades de resistência ao poder da governamentalidade neoliberal, em Foucault e Butler, e seu embate agonístico, além de uma breve genealogia da noção de resistência na obra foucaultiana, explorando a importância dos processos de subjetivação tanto no exercício do poder governamental quanto no exercício da resistência aos dispositivos de poder a partir das práticas de liberdade, da estética da existência e também da Crítica, considerando as noções de parresía e contraconduta. Mostrou-se ainda que Butler, inspirada em Foucault, pensa a centralidade dos processos de subjetivação na resistência à governamentalidade neoliberal a partir da crítica foucaultiana como virtude; da política performativa; da precariedade neoliberal; da aliança das diversidades em busca de reconhecimento; da interdependência pós-identitária, mas sem recusa da afirmação das identidades.
Palavras-chave: Foucault; Butler; processos de subjetivação; resistência; governamentalidade neoliberal