18/09/2021

O conceito de material musical: definições e narrativas possíveis

Concebido, em geral, como o âmbito que possibilita a estruturação musical, ou mesmo como a matéria prima [Werkstoff] da obra musical, o conceito de material musical, longe de possuir sentido unívoco, é, ao contrário, objeto de diversas reflexões teóricas, que, por sua vez, têm constituído diversas propostas interpretativas no âmbito da estética musical. Podendo ser compreendido desde aquilo que seria o mais elementar à música, a saber, o som (cf., p. ex., HEGEL, 2002, p. 279; SCHOENBERG, 1978, p. 19), ou como uma esfera necessariamente constituída e mediada pela história (cf., p. ex., ADORNO, 1997, p. 433, 434), as diversas transformações artísticas e culturais das últimas décadas, por outro lado, têm apontado continuamente para novas e múltiplas possibilidades de se pensar a respeito do conceito. Autores como Leonard Meyer, por exemplo, tem argumentado que as transformações na ideologia ocidental, que possibilitaram a constituição de uma consciência da diversidade mais efetiva, tem iniciado uma ruptura com compreensões musicais modernistas que se baseiam em atitudes proibitivas, na medida em que na contemporaneidade tornou-se viável fazer “uso de obras de arte anteriores como fontes de materiais, padrões relacionais e procedimentos e normas sintáticas” (MEYER, 1994, p. 188). Outrossim, autoras(es) como Marie-Elisabeth Duchez, Tod Machover e Herry Lehmann, que igualmente buscam compreender as transformações referentes à contemporaneidade, têm pensado sobretudo sobre as crescentes inovações tecnológicas das últimas décadas, ou, mais especificamente, sobre como estas têm afetado ampla e diretamente a composição musical. Segundo estas(es) autoras(es) (cf. p. ex. DUCHEZ, 1991, p. 64; LEHMANN, 2017, p. 50; MACHOVER, 1985, p. 90), as inovações tecnológicas tem exercido uma forte influência tanto na criatividade do compositor quanto nas possibilidades objetivas de experimentações e estruturação de formas musicais, o que, por conseguinte, tem possibilitado novas definições, interpretações e perspectivas acerca da noção de material musical. No entanto, tendo em vista tal diversidade de definições e perspectivas possíveis sobre o conceito de material musical, certamente poderíamos elaborar algumas questões sobre o tema: o que seria o material musical hoje? É possível defender uma única perspectiva a respeito desta concepção como a mais adequada na atualidade? O que esta concepção hoje deve levar em consideração para avaliar e compreender de modo coerente a pluralidade de perspectivas concretas e históricas no que diz respeito à composição musical? De que maneira ou até que ponto as concepções modernistas, vanguardistas, pós-modernas e/ou contemporâneas sobre a obra musical são relevantes, ou mesmo determinantes, para a compreensão e definição do conceito de material musical na atualidade? Ao sugerir tais questões como norteadoras para as reflexões, convidamos, então, musicistas, filósofas(os) e teóricas(os) em geral interessadas(os) em estética musical a enviarem artigos, resenhas ou traduções que tenham como temática o conceito de material musical.

 

Prazo para a submissão: 22/11/21

ORGANIZADORES:


Walter Romero Menon Junior (UFMG)
João Paulo Costa do Nascimento (UNESP)
Luis Filipe de Lima Andrade (UFMG)
 

// As submissões devem estar em conformidade com as "condições para submissão", "diretrizes para autores", "padrões de formatação e "padrões bibliográgicos e citações" da revista Artefilosofia que podem ser consultadas na página . //

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