"Neutralidade na ciência e injustiça epistêmica" por Caroline Marim e Susana de Castro
16/01/2021 • Clipping
No Norte Global, a noção de que os feminismos não representam apenas um movimento social e político, mas também uma epistemologia, é bastante conhecida. Epistemólogas sociais feministas como Sandra Harding, Linda Alcoff, Donna Haraway, entre outras, defendem que a experiência histórico cultural das mulheres justifica uma epistemologia feminista, um ponto de vista sobre o conhecimento, centralizado na experiência das mulheres no mundo, mulheres queers, lésbicas, negras, latinas, asiáticas, indígenas e brancas. Tais perspectivas de conhecimento são justificadas, pois validados pelos mesmos critérios dos saberes oficiais, tais como eficácia, previsibilidade e verossimilhança (Harding, 2015,xii). Esse mesmo argumento serve para a defesa de epistemologias indígenas das culturas e saberes subalternizados pelo predomínio da epistemologia universalista europeia. O não reconhecimento da diversidade de saberes produzidos por mulheres fora e dentro da academia, mediante trocas de experiências escritas ou orais tem levado ao que se intitula injustiça epistêmica.