Carta da Associação Brasileira das Editoras Universitárias em defesa da valorização das publicações de livros acadêmicos
12/06/2024 • Notas e Comunicados
CARTA DA GÁVEA
A Assembleia da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), reunida durante o 6º Seminário Brasileiro de Edição Universitária e Acadêmica & 36ª Reunião Anual da ABEU, realizada nas dependências da PUC-Rio, no dia 23 de maio de 2024, delibera e redige o seguinte manifesto, que expressa a convicção de todos os seus participantes:
CARTA ABERTA - ABEU
O livro, desde sua versão mais primitiva, constitui instrumento por excelência da transmissão de conhecimento. Com a maturação da dinâmica da ciência clássica, durante o século XVI, esse papel se intensifica e o livro acadêmico adquire centralidade que persiste ainda hoje, sem demérito de plataformas editoriais alternativas. Especialmente, mas não exclusivamente, em Ciências Humanas e Humanidades, esse relevo é flagrante e atestado em típicas publicações desse campo pelo número de citações originárias de livros. Conscientes desses fatos, as editoras universitárias brasileiras, fonte primordial da literatura acadêmica nacional e compreensivelmente próximas à dinâmica do livro acadêmico, veem com extrema preocupação a gradual fragilização do reconhecimento devido ao livro, que se reflete em decréscimo paulatino de sua valorização na carreira acadêmica por parte de programas de pós-graduação ou agências de fomento. Sob tais circunstâncias críticas, as associadas da ABEU conclamam as autoridades governamentais, em âmbito federal ou estadual, responsáveis pela condução das políticas científicas e de pesquisa, da educação, da cultura, do livro e da leitura, de suas agências de fomento ao conhecimento científico, notadamente, Capes, CNPq, FAPs e, ao lado das anteriores, as Universidades e Institutos de ensino e de pesquisa, sejam públicos ou privados, a reconhecer a devida precedência ao livro no contexto da comunicação científica. O relevo pretendido pressupõe que, de um lado, sejam assegurados recursos para a publicação de pesquisas brasileiras, em clave semelhante a modelos correntes na Europa e Estados Unidos, e, de outro, que os canais competentes, na academia e nas instâncias governamentais, assegurem ao livro e aos seus autores o reconhecimento intelectual, científico e profissional que lhes é devido. Nessa perspectiva, cumpre que se reconheça também legal e academicamente a atividade do editor universitário, sem o qual não haveria publicação de livros. A Assembleia reitera, portanto, a sua reivindicação pela urgente aprovação de um marco regulatório para as atividades das editoras universitárias, que dê segurança jurídica ao seu funcionamento, bem como quadro de pessoal, estrutura e orçamento para a sua plena atuação. A Assembleia da ABEU manifesta ainda a sua solidariedade com o povo do Rio Grande do Sul e com as suas Editoras, em virtude do sofrimento que o evento extremo de chuvas torrenciais decorrentes de mudanças climáticas (talvez evitáveis) causou à região nas últimas semanas. As associadas da ABEU se engajarão também em campanhas que possam ajudar na reconstrução dos acervos das bibliotecas públicas. Um balanço dessa ação será feito no próprio Estado do Rio Grande do Sul, pois a Assembleia ratificou como seu próximo lugar de Reunião a Universidade de Caxias do Sul, em 2025.
Rio de Janeiro, 23 de maio de 2024.
Assembleia Geral da ABEU