Diretoria da Anpof repudia fala do Secretário de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, Fábio Pietro

25/11/2023 • Notas e Comunicados

Na última quinta-feira (23/11), durante a Quarta Conferência Estadual da Juventude de São Paulo, o Secretário de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, Fábio Pietro, afirmou que "a turma do sindicado fica dando aula vagabunda de filosofia e sociologia, para que vocês não aprendam nada". A diretoria da Anpof repudia essa fala, porque não expressa apenas desinformação sobre a filosofia, mas aponta para uma ideologia de destruição da capacidade da educação de produzir uma cidadania crítica e soberana. Assim, quando faz essa afirmação, Fábio Pietro desinforma quanto à natureza da filosofia que, a despeito de sua ignorância, está presente em áreas como a matemática e que pode contribuir diretamente no ensino de matemática.

A defesa da matemática e da língua portuguesa não deve obliterar a importância do ensino de filosofia que é capaz de promover tanto uma reflexão sobre a matemática como sobre a própria linguagem contribuindo numa perspectiva transdisciplinar e interdisciplinar. Com efeito, a importância da filosofia como disciplina está presente na sua capacidade de organizar e produzir diferentes histórias do pensamento humano a partir das quais podemos nos compreender tanto como humanos quanto como diferentes territórios e culturas. A filosofia apresenta a história do pensamento de modo crítico e, com isso, ela permite a estudantes a construção de uma reflexão sobre a história. Ademais, os sindicatos são um importante instrumento de luta da classe trabalhadora nas democracias.

Vagabundos originalmente são aquelas que vagam no mundo e parece que o secretário de São Paulo projeta nos professores e professoras de filosofia aquilo que ele é: uma pessoa que vaga no mundo proferindo mentiras, fomentando uma ideologia antidemocrática e autoritária. Caso o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas não peça uma retratação pública ou a exoneração do seu secretário, é sinal de que ele é que não poderia estar no cargo que ocupa.