CHAMADA DE ARTIGOS ARTEFILOSOFIA N.25 / DOSSIÊ: VILÉM FLUSSER, WALTER BENJAMIN – AS AMBIGUIDADES DA TÉCNICA

12/04/2018 • Notícias ANPOF

CHAMADA DE ARTIGOS ARTEFILOSOFIA N.25 / DOSSIÊ: VILÉM FLUSSER, WALTER BENJAMIN – AS AMBIGUIDADES DA TÉCNICA

Walter Benjamin reflete, em diversos momentos de sua obra, sobre a questão da técnica e temas correlatos, tais como o trabalho como mediador entre o ser humano e a natureza, realizando sua crítica ao progresso. Ele afirma: “Para que falar de progresso a um mundo que afunda na rigidez cadavérica? (...) Deve-se fundar o conceito de progresso na ideia da catástrofe. Que tudo ‘continue assim’, isto é a catástrofe. Ela não é o sempre iminente, mas sim o sempre dado.” Também o marxismo será revisto por ele, em função de sua concepção crítica do progresso: “Marx afirma que as revoluções são as locomotivas da história do mundo.

Mas talvez isso seja totalmente diferente. Talvez as revoluções sejam o freio de emergência da humanidade que viaja neste trem”. Em“Rua de mão única”, Benjamin lembra que “[a] dominação da natureza, assim ensinam os imperialistas, é o sentido de toda técnica”. Mas a essa visão ele contrapõe outra: “A técnica não é dominação da natureza: é dominação da relação entre natureza e humanidade.” Na segunda versão de seu ensaio sobre “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, ele desenvolve uma distinção entre a primeira técnica,cujo fim é o sacrifício da vida, e uma segunda técnica,que teria como exemplos paroxísticos a fotografia e o cinema, esta calcada no jogar junto com a natureza: “A origem da segunda técnica deve ser buscada onde o ser humano, com uma astúcia inconsciente, chegou pela primeira vez a tomar uma distância em relação à natureza. Em outras palavras, ela encontra-se no jogo. […] A primeira [técnica] realmente pretende dominar a natureza; a segunda prefere muito antes um jogo conjunto entre natureza e humanidade.” Ele nota ainda: “Justamente porque essa segunda técnica pretende liberar progressivamente o ser humano do trabalho forçado, o indivíduo vê, de outro lado, seu campo de ação [Spielraum] aumentar de uma vez para além de todas as proporções. [...] Mal a segunda técnica garantiu suas primeiras conquistas revolucionárias, as questões vitais do indivíduo – amor e morte – já exigem novas soluções”.

http://www.periodicos.ufop.br/pp/index.php/raf/announcement/view/18

 

CALL FOR PAPERS: ARTEFILOSOFIA JOURNAL N. 25 / DOSSIER: VILÉM FLUSSER, WALTER BENJAMIN – THE TECHNICAL AMBIGUITIES
In different moments of his work, Walter Benjamin reflects upon the question of technology and related issues such as work as the mediation between man and nature, conducting his critical analysis of progress. He says: “What’s the idea? to speak of progress to a world sinking into the rigidity of death. (...) The concept of progress must be grounded in the idea of catastrophe. That things are 'status quo' is the catastrophe. It is not an ever-present possibility but what in each case is given.” Marxism will also be reviewed by him  according to his critical conception of progress: “Marx said that revolutions are the locomotive of world history. But perhaps things are very different. It may be that revolutions are the act by which the human race travelling in the train applies the emergency brake”. In “One Way Street” Benjamin recalls that “The mastery of nature, so the imperialists teach, is the purpose of all technology.” But he also offers an opposing view: “technology is not the mastery of nature but of the relation between nature and man.” In the second version of his essay about “The Work of Art in the Age of Its Technical Reproducibility” he develops a distinction between the first technology, its outcome being the sacrifice of life, and the second technology, which would have as paradoxical examples photography and cinema, based on the play with nature: “The origin the second technology lies at the point where, by an unconscious ruse, human beings first began to distance themselves from nature. It lies, in other words, in play. [...]The first technology really sought to master nature, whereas the second aims rather at an interplay between nature and humanity”. And so, he notes: “Because this technology aims at liberating human beings from drudgery, the individual suddenly sees his scope for play, his field of action [Spielraum], immeasurably expanded. [...] No sooner has the second technology secured its initial revolutionary gains then vital questions affecting the individual - questions of love and death which had been buried by the first technology - once again press for solutions”.

http://www.periodicos.ufop.br/pp/index.php/raf/announcement/view/15