Livros escritos ou organizados por filósofas são destaque no Anpof 8M

20/03/2024 • Notícias ANPOF

Ao longo do mês de março, na programação do Ampof 8M, divulgamos livros escritos ou organizados por filósofas.

Confira a lista de obras:
 

Feminismo e capitalismo: um rompimento necessário (Editora Fi, 2024), de Roberta da Cunha Rodrigues - dissertação vencedora da última edição do Prêmio Anpof:

Os movimentos de mulheres que endossam uma economia liberal e são cooptados pelo capitalismo demonstraram serem insuficientes e problemáticos, pois não alcançam as raízes das opressões e alimentam um modo de produção que precisa das mais variadas violências para se manter em equilíbrio. É possível visualizar essa insuficiência a partir da obra de Betty Friedan (uma das representantes do feminismo liberal nos Estados Unidos da década de 1960), que trata a subordinação feminina como uma questão autônoma, desvinculada das outras opressões mantidas e acentuadas pelo modo de produção capitalista. Para compreender esse problema e superá-lo, será necessário explorar a teoria do valor de Karl Marx e, partindo de autoras como Silvia Federici, Angela Davis, Heleieth Saffioti e Ana Montenegro, entender como o capitalismo se utiliza de desigualdades já existentes em sociedades pré-capitalistas para solidificar marcas sociais que permitam uma maior exploração. É nesse sentido que surge a importância de analisar o que há por trás das opressões sofridas pelas mulheres, entendendo que o feminismo não pode ser compreendido como um movimento político autônomo que busca somente a libertação da mulher a partir da busca pela própria identidade, como propõe Friedan. Essa perspectiva transforma um debate político-econômico (que deve ser posto de maneira coletiva e considerando uma ruptura no atual modo de produção) numa discussão sobre empoderamento individual. Isso não significa que esse aspecto não seja relevante, mas sim que ele é insuficiente para realizar uma análise completa e profunda sobre as questões feministas.


Aquém do homem: ensaios críticos em perspectiva interseccional (EdUFABC, 2022), de Aléxia Bretas:

Aquém do homem: ensaios críticos em perspectiva interseccional (2022) é um livro escrito a partir das urgências do tempo do agora. É composto por uma coletânea de ensaios filosóficos que resultaram de aulas, palestras e artigos publicados por Aléxia Bretas, filósofa, pesquisadora e professora da Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, SP. Adotando a interseccionalidade como método de trabalho, o livro busca refletir sobre questões candentes como a efetividade dos direitos humanos, as demandas por redistribuição, representação e reconhecimento, o luto público, a condição precária, as violências de gênero, a potência das sexualidades dissidentes e os insights da teoria queer. Organizado de modo interdisciplinar a partir dos fundamentos de uma teoria crítica da sociedade, a publicação é voltada para interessados/as das mais diversas áreas como a filosofia contemporânea, as ciências sociais, a antropologia, a psicologia, as letras, as artes, os estudos de gênero, étnico-raciais e descoloniais. Finalmente, o próprio lançamento do livro é já um gesto de resistência contra os tentáculos do pensamento único, do negacionismo e da anticiência. Ao mesmo tempo, é também um elogio ao conhecimento produzido nas universidades públicas, além de uma aposta consciente no vibrante campo dialógico que se articula com a sociedade civil sobre as bases de um ensino gratuito, inclusivo e de qualidade para o qual o protagonismo das mulheres tem se revelado determinante.


Considerações sobre a História do Ser a partir do Pensamento de Martin Heidegger (Editora do PPGFIL-UFRRJ, 2023), de Manuela Saadeh:

O trabalho que se segue, desenvolvido por Manuela Santos Saadeh, procura pensar a questão do ser a partir do pensamento de Martin Heidegger. Para tanto, esse “procurar pensar” e este “a partir” são decisivos, pois ela se envereda por um caminho difícil no qual não se contenta apenas em nos transmitir o que disse o filósofo, mas, sobretudo, intenta pensar com ele, a partir dele. Trata-se, com isso, de um esforço que promete um longo e desafiador projeto de uma vida inteira dedicada à filosofia, principalmente numa época tão pobre de pensamentos como a nossa, em que perdemos quase que completamente a noção do que é grande e belo e que pode sustentar o humano sobre esta terra. Martin Heidegger, em Introdução à metafísica, já nos alertava para a crise espiritual de nosso tempo, marcada por uma despotenciação do espírito, na qual sua transformação em inteligência, instrumento e cultura revela a indigência em que nos encontramos. Seguindo esse mesmo sentido aberto pelo filósofo, a autora busca um tema de grande relevância, traçando um percurso que vai do “problema da liberdade na modernidade”, passando pela “maquinação” até o “passo de volta e para além”. Esse percurso, no entanto, não nos mostra apenas uma grande compreensão do pensador, como também nos convida a pensar à medida que nos entregamos a uma leitura atenta e minuciosa de seu trabalho. Parece-me, portanto, que a publicação de Considerações sobre a história do Ser a partir do pensamento de Martin Heidegger, que chega em boa hora, é muito importante, pois é um convite a todos aqueles que pretendem desenvolver o pensamento filosófico a se lançarem na sua leitura de maneira que cada qual possa, com disposição e envolvimento, vir a descortinar o seu próprio caminho. Prof. Dr. Affonso Henrique Vieira da Costa Departamento de Filosofia da UFRRJ


O sujeito dos afetos entre a religião e a política: narrativas de um Brasil (Editora FI, 2023), organizado por Mariana Paolozzi et al:

Este este livro é a tentativa de ler sobre humanos multidisciplinar alguns atravessamento os que forma o sujeito contemporâneo, se desafetos e seu lugar na esfera pública. Passamos por uma onda new conservadora. Posturas xenófobas, racismos, violências corporais, psíquicas e simbólicas em associação com a capacidade de devastação neoliberal produzem mais e mais sofrimento. Onda conservadora? Não, chamá-la se equivocou semântico. A onda é reacionária, aliada dos mais modernos meiosMeios to tech no capitalismo. Avanço tecnológico ideologias requintadas nos caldeirões dos donos do poder se revezam. Entre as tecnologias ideológicas estão os discursos que transitam entre o religioso e político parecendo fazer pouco caso da separação moderna que parecia consolidada: de um lado a coisa pública, dos interesses de todos, do outros interesses e sistemas de crenças particulares. Religião desempeno Brasil papel público. Saber se esse papel que hora desempenha é o que lhe é devido é outro assunto. Saber ainda se deve ou não desempenhar um papel público é outro tema ainda mas é inegável que precisamos tratar desses entre cruzamentos que for que for


Textos selecionados de filosofia feminista (UFPel, 2023), organizado por Eduarda Calado Barbosa:

A incorporação do feminismo trouxe mudanças significativas para a filosofia contemporânea, principalmente a partir da consolidação de novas perspectivas sobre as experiências social e cultural femininas, até então tipicamente marginalizadas. De fato, no âmbito da filosofia feminista, a abordagem de velhas temáticas (como virtude, justiça, conhecimento, etc.) passou a refletir um compromisso prático com a igualdade e a superação do sexismo que, dentre outras coisas, colocou em revisão o próprio cânone. Por um lado, métodos foram transformados por novos valores, que deram mais centralidade a conceitos como corpo e situação e à autoria de mulheres; por outro, tradições específicas puseram suas ferramentas à disposição de um modo antissexista de fazer filosofia. Assim sendo, na mesma medida em que promoveu a investigação do lugar do gênero em temáticas como o cuidado, a reprodução, a natureza, a cultura e a linguagem, a filosofia feminista tornou possível a problematização de enviesamentos, limitações e silêncios em alguns dos principais métodos e objetos do nosso campo. A presente coletânea tem o propósito de apresentar suas leitoras e leitores a essas contribuições transformadoras, com foco nas disciplinas e tradições filosóficas.  Não menos importante: o trabalho foi realizado por equipes de tradução compostas, em sua grande maioria, por mulheres, representando, desse modo, também um incremento à produção feminina do país.  


Liberdade e Determinismo na Arte Trágica em Schelling (Dialética, 2023), de Thaís Bravin Carmello:

O filósofo alemão Friedrich Schelling, seguindo a tendência de seus contemporâneos do idealismo alemão, a partir da premissa de que o conhecimento do objeto pertence ao sujeito, monta um sistema filosófico em que ambos, em tese, devam igualar-se para que se tenha uma unidade absoluta. Essa unidade, um diferencial de Schelling em relação a Kant, é sua solução para o que diz serem lacunas deixadas pelo autor da Crítica da Razão Pura e também serve como base para o problema das três obras que estudamos para este trabalho: as Cartas sobre o dogmatismo e o criticismo, o Sistema do Idealismo Transcendental e a Filosofia da Arte. Nessas três obras, enquanto demonstra a equalização do subjetivo com o objetivo, o filósofo inclui a estética como ciência necessária para que seja possível o conhecimento do sujeito que, segundo ele, só existe diante da liberdade, sendo essa em sua mais pura forma somente praticável na obra de arte.


10 lições sobre Hegel (Vozes, 2024), de Marloren Lopes Miranda:

É inegável que o pensamento de Hegel ocupe um lugar de destaque na história da filosofia ocidental, impactando não apenas a própria filosofia, mas também a sociologia, a ciência política, o direito, a psicanálise, entre outras áreas do saber. Apesar disso, seu pensamento é frequentemente considerado bastante obscuro e de difícil compreensão. Estas 10 lições têm como objetivo explorar caminhos dessa filosofia, dissolvendo algumas das aparentes obscuridades e tornando esse pensamento mais acessível. A construção é feita por meio de diversos temas abordados por Hegel, entre os quais a epistemologia, a ética e sua célebre dialética do senhor e do escravo.


Ode a Filosofia Brasileira (2024), de Maiara Souza:

Fiz a poesia para a disciplina "Filosofia da Cultura Brasileira" com a professora Valéria Wilke. Após receber um retorno positivo acerca da poesia, resolvi publicar como maneira de divulgar minhas poesias de forma mais acessível através das redes sociais, e ao mesmo tempo ampliar o debate sobre o ensino de Filosofia. Após participar de oficinas de leitura e produção de cordel na biblioteca parque estadual, com um membro da ABLC, me senti motivada a utilizar de um gênero literário que luta por persistência, e também com uma disciplina que luta em permanecer viva. As discussões da ANPOF sobre Filosofia no Brasil serviram de base para a produção do cordel, tanto quanto as oficinas e as aulas de Filosofia. É uma poesia que visa, contudo, defender o ensino de Filosofia no Brasil. Faz também uma análise panorâmica da história da Filosofia no Brasil, mencionando a presença (ausência) das mulheres.


Sentenciando à morte: a tanatopolítica em decisões penais condenatórias (Juruá, 2023), de Aglaé Carneiro:

Seria a política de Estado aplicada pelos magistrados penais contemporâneos resultado de alguma característica psíquica neurótica ou perversa? É a hipótese principal de onde parte o presente trabalho. Acredita-se, como hipótese acessória, que, através da análise psicanalítica e político-filosófica de decisões penais condenatórias, seria possível vislumbrar os processos mentais inseridos na política de Estado adotada inconscientemente pelos referidos servidores públicos. Assim, este livro se debruça na psicanálise freudiana e na bio-tanato-necropolítica para atingir suas finalidades. Seu objetivo geral é analisar psicanalítica e político-filosoficamente o conteúdo de nove sentenças penais condenatórias, e seus objetivos específicos são: abordar os principais tópicos psicanalíticos freudianos no contexto da análise de processos psíquicos individuais e coletivos; evidenciar aspectos relevantes para a política de vida e de morte; situar a discussão política e psicanalítica no contexto da contemporaneidade; relacionar questões da política de vida e de morte com as abordagens psicanalíticas freudianas; e caracterizar a política de Estado engendrada nos processos mentais individuais e coletivos dos magistrados penais da contemporaneidade. Os resultados obtidos apontam para uma influência cultural neurótica e perversa sobre a linguagem jurídica adotada pelos juízes criminais contemporâneos, no âmbito das suas escritas decisórias. A política de Estado pós-moderna, portanto, veiculada através da linguagem jurídica, no contexto das decisões penais condenatórias, além de submeter-se a um movimento de “ida e volta” em relação aos elementos psíquicos individuais e coletivos (culturais) da contemporaneidade, é caracterizada pelo fato de que não apenas regula a vida como também controla a morte de sujeitos predeterminados pelo sistema penal.


Alteridade e Reconhecimento a partir de Levinas (Dialética, 2023), de Grasiela Cristine Celich:

A obra parte de um desafio que o pensamento de Emmanuel Levinas nos impõe, em forma de paradoxo. Conciliar o sentido ético que, segundo ele, marca a origem de tudo o que é significativo para a realidade humana, com a tarefa de uma transposição desse mesmo sentido para o âmbito do mundo social, da comunidade inter-humana, do existir no interior de um Estado. Esse paradoxo, compreendido a partir do olhar fenomenológico, reflete sobre o reconhecimento da alteridade em um mundo de aniquilação das diferenças. Ao responder ao paradoxo, convoca o Eu ao engajamento e à responsabilidade ao apelo do Rosto do Outro. Chama à realização do Bem, enquanto manifestação da justiça e do direito iluminado pela ética. A autora busca, ainda, desenvolver um trabalho que vise ao reconhecimento das diferenças, procurando construir uma sociedade mais aberta, pluralista, igualitária e mais digna para se viver. Por isso, Husserl e Hegel são filósofos-chave para dialogar com Levinas.


Observações esparsas sobre cultura e valor (Editora da UFSC, 2023), de Ludwig Wittgenstein. Tradução de Janyne Sattler:

Este livro traz uma coleção de observações de Ludwig Wittgenstein sobre temas relativos à cultura e aos nossos modos de atribuição valorativa e crítica. Os aforismos e observações reflexivas versam sobre a natureza da atividade filosófica em geral e sobre temas específicos como ética, arte, literatura, religião, música e arquitetura deste que é um dos maiores filósofos do século XX .


Deleuze e o instinto de morte: debates com a Psicanálise (Appris, 2022), de Aline Sanches:

O livro Deleuze e o instinto de morte: debates com a Psicanálise apresenta uma análise minuciosa e original do debate inicial de Gilles Deleuze com a Psicanálise. Privilegia três obras da vasta produção do filósofo: Sacher-Masoch: o frio e o cruel (1967), Diferença e repetição (1968) e Lógica do sentido (1969), ainda que circule desembaraçadamente pelas demais, quando necessário. Nesse curto e fértil período, em que Deleuze deixa de ter a história da Filosofia como tema central para alavancar o seu próprio pensamento, há um intenso debate com a Psicanálise. Se a Psicanálise é, aí, objeto de críticas, também é sua aliada no desenvolvimento de alguns temas caros ao empreendimento filosófico e singular de Deleuze. Instigado pela sugestão freudiana de um funcionamento inconsciente, que é indiferente ao princípio do prazer e regido pela repetição, Deleuze inaugura uma investigação filosófica a respeito do campo transcendental, que se fará acompanhada de uma ampla discussão com Freud, Klein, Lacan, entre outros. A partir de seus avanços filosóficos, deriva-se uma releitura de várias noções psicanalíticas, entre as quais se destaca a compreensão do instinto de morte como princípio transcendental. O instinto de morte torna-se, nas mãos de Deleuze, o princípio positivo e originário da repetição, torna-se o movimento violento e forçado que engendra o pensamento. Certas coordenadas psicanalíticas são desenvolvidas para integrar uma nova imagem da Filosofia e do que significa pensar. Este livro demonstra como Deleuze compreende e apropria-se de algumas noções psicanalíticas, articulando-as com os demais conceitos de sua filosofia. Indica quais temas advindos da Psicanálise foram valorizados na composição de uma Filosofia transcendental da diferença e afirma a pertinência, a relevância e a atualidade desse debate para ambos os domínios.


Mary Wollstonecraft: Memórias e reflexões (Atena Editora, 2022), de Alessandra Carvalho Abrahão Sallum:

Este livro oferece uma investigação profunda sobre a vida e obra de Mary Wollstonecraft, destacando-se não apenas por sua famosa "Reivindicação dos Direitos da Mulher", mas também por sua contribuição integral à filosofia iluminista. Através da tradução da biografia realizada por William Godwin, seu viúvo, e a análise de textos selecionados da própria Wollstonecraft, o trabalho busca resgatar a complexidade de seu pensamento e a amplitude de seus interesses, que abrangem a educação, moralidade, direitos e cidadania sob uma perspectiva de racionalidade.  A primeira parte do livro concentra-se na narrativa biográfica de Godwin, proporcionando um olhar íntimo sobre a personalidade, vida e desafios enfrentados por Wollstonecraft. Esta escolha editorial não se deve a uma priorização de gênero, mas ao reconhecimento do esforço de Godwin em preservar e organizar as memórias de sua esposa, apesar de suas próprias limitações ao destruir registros que considerava inferiores.  Na segunda parte, o leitor é convidado a explorar uma seleção de escritos de Wollstonecraft, que inclui reflexões sobre poesia, filosofia, arte, e esboços para uma continuação da "Reivindicação", oferecendo uma visão mais austera e aprofundada de seus argumentos sobre direitos civis das mulheres, criatividade, razão, paixões, e a problemática das punições. Estes fragmentos, publicados postumamente, pretendem não apenas despertar o interesse para futuras publicações de seus textos, mas também proporcionar uma compreensão mais rica e matizada de seu legado filosófico.  Por meio desta obra, busca-se não apenas reintroduzir Wollstonecraft como uma figura central do Iluminismo, mas também provocar uma reavaliação de sua relevância para questões contemporâneas de igualdade, educação e cidadania. Destaca-se a intenção de traduzir e disponibilizar toda a produção de Wollstonecraft para o público de língua portuguesa, corrigindo o longo período de ostracismo e reconhecendo sua estatura como filósofa canônica. Este livro marca o início de uma série dedicada a explorar a obra de uma mulher cuja visão, intensidade e humanidade continuam a inspirar e desafiar.


Memórias de significância (Editora CRV, 2022), de Maria Cristina de Távora Sparano:

Lacan no texto "Da Incompreensão e outros temas" em Estou falando com asparedes (2011), diz que há, em certos contextos de discurso, uma escolha que é a de escutar um texto, mas também uma escolha menos arbitrária que é a de vir a escutá-lo em função de elementos da memória. Isso tem um significado e comporta um signo, de um sujeito que desliza na cadeia de significantes do discurso. No entanto, a unidade de vários significantes não é um significado, mas uma significância. A significância é uma "extração" e se encontra entre dois significantes num espaço vazio. Ela serve para aproximar coisas com um grupo mínimo de significantes, como, por exemplo, nas palavras de um provérbio. Nossos avós já falavam de sabedoria “proverbial”. Sabemos a quem um provérbio se aplica e quando se aplica, mas um provérbio não é constituído de frases explícitas. Seu valor está “entre” as palavras, refere-se às coisas, mas não são as coisas, apenas indícios que os significantes servem para aproximar e destacar. Nesse sentido, as coisas que têm valor de significância são aproximativas e têm seu lugar na memória. Juntar o que está escrito na memória traz uma revitalização ao texto e seus espaços se abrem a nós, leitores e leitoras.


Filosofia Feminista (Editora SENAC São Paulo, 2023), organizado por Maria de Lourdes Borges, Márcia Tiburi e Susana de Castro:

Esse é um livro sobre Filosofia feminista, escrito por várias pesquisadoras do tema.   Na primeira parte do livro, apresentamos as correntes da filosofia feminista, desde sua vertente com base no liberalismo político até versões mais abrangentes, como o ecofeminismo. Na segunda parte, abordamos as áreas tradicionais da filosofia, como epistemologia, ética, estética e política, na sua construção feminista. Por último, na terceira parte, apresentamos temas caros ao feminismo sob uma ótica filosófica.


O gênio no Iluminismo francês: o caso Diderot (Kotter editorial, 2022), de Kamila Babiuki:

O que constitui uma pessoa genial? Quais características um gênio da pintura tem em comum com um gênio da marcenaria, por exemplo? É o aprofundamento de questões como essas que O gênio no Iluminismo francês: o caso Diderot pretende realizar. Concentrando-se na filosofia de Denis Diderot (1713-1784), a autora mostra o fio condutor que une diferentes manifestações da genialidade recorrendo a importantes escritos e autores da época. Destaca-se ao longo do percurso uma evolução conceitual interna aos textos de Diderot, aspecto evidenciado com a análise de documentos escritos em épocas e estilos distintos. É possível constatar de que maneira diferentes gênios, tematizados em uma reflexão variada, como estética, ética e filosofia natural, são unidos por duas características em comum: o entusiasmo e a razão.