GT Filosofia da História e Modernidade

   O que significa, contemporaneamente, deter-se nos temas ligados à filosofia da história e discutir o legado da Modernidade Filosófica? Muitos relegariam esses tópicos ao desinteresse e uma das justificativas para tal posição baseia-se na recusa do vínculo metafísico que eles admitem. Entretanto, não parece que recusar toda filosofia da história, como nos adverte Henri Gouhier, seria, ainda assim, uma filosofia da história? Que recusar a metafísica é recusar a razão que ascende à especulação? Com efeito, as transformações decisivas que o mundo hodierno vê diante de si contêm implicações históricas e metafísicas, o que nos convoca a atualizar o debate acerca da história e seu sentido.

   Em 1998, a diretoria da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF) acolhe a decisão da Assembleia Geral da ANPOF e institui os Grupos de Trabalho que, a partir daí, passariam a compor a estrutura nucelar do principal evento patrocinado pela associação: o Encontro Nacional de Filosofia. Em 1999, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da História e Modernidade (NEPHEM), da Universidade Federal de Sergipe, propôs ao Conselho Cientifico daquela entidade a criação do GT Filosofia da História e Modernidade. O mesmo foi aprovado junto com mais 25 outros GTs, conforme registra o Boletim da ANPOF, n° 12, 2000. Oficializado o registro, o GT Filosofia da História e Modernidade inicia as suas atividades durante o IX Encontro Nacional de Filosofia da ANPOF, realizado entre os dias 3 e 8 de outubro de 2000, em Poços de Caldas-MG.  O grupo de trabalho reúne pesquisadores dedicados ao tema da filosofia da história na Modernidade e aos desdobramentos intelectuais dele decorrentes que atingirão o pensamento contemporâneo. Também são acolhidos estudiosos que dirigem suas investigações à ideia de história formulada fora dos estritos padrões daquilo que designamos, a partir do Século XVIII, filosofia da história, bem como aqueles pesquisadores voltados ao projeto ético e político da Modernidade. Obviamente, esses são dois setores cujas meditações abarcam, direta ou indiretamente, a seara histórica.  

   A  formação inicial do grupo estava assim disposta: Edmilson Menezes (UFS) – Coordenador, Maria das Graças de Souza (USP), Antônio Carlos dos Santos (UFS), Ricardo Monteagudo (UNESP), Marisa Donatelli (UESC), Sônia Barreto (UFS), Douglas Ferreira de Barros (Escola de Sociologia e Política), Armando Albuquerque (UFPB). Notou-se durante o evento ocorrido em Poços de Caldas que o surgimento do grupo suscitou o interesse de vários pesquisadores. Alguns não puderam inscrever-se a tempo no GT para participar daquela edição e, oficialmente, integrar suas atividades. Diante do fato, a Coordenação propôs, então, a criação de um encontro mais amplo que conseguisse reunir a maioria dos envolvidos com a área e os grupos de pesquisa já formados, e, dessa forma, avaliar a produção representativa do campo em questão. Surge, dessa maneira, o I Colóquio Nacional de Filosofia da História, realizado em 2001, na Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus-BA), cujo resultado material foi publicado em livro, intitulado “Modernidade e a ideia de história”, em 2003, pela EDUESC, organizado por Edmilson Menezes e Marisa Donatelli.  Em 2019, realizamos na Universidade Federal de São João Del-Rei (São João Del-Rei -MG)  o IX Colóquio Nacional de Filosofia da História, em parceria com o GT Filosofia e Direito, e em 2022 já estamos com o seu saldo objetivo: o volume “Memória, direito e utopia: perspectivas modernas e contemporâneas”, veiculado pela Discurso Editorial e organizado por Antônio Carlos dos Santos e Edmilson Menezes. 

   Com mais de duas décadas de funcionamento, o GT continua a empenhar-se em promover as seguintes atividades, além dos encontros na ANPOF e os Colóquios Nacionais: publicação de obras (fruto dos Colóquios Nacionais de Filosofia da História) e dossiês temáticos em revistas especializadas, ciclos de conferências, intercâmbios internacionais (França, Canadá, Inglaterra, Bélgica) e promoção de estudos específicos ligados aos interesses acadêmicos do grupo, além de colaborar com a formação de novos pesquisadores por meio de cursos e minicursos.