Contra o gênio: a ciência da arte no Humano, demasiado humano de Nietzsche
v. 24 n. 2 (2019) • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Autor: Jelson Roberto de Oliveira
Resumo:
Pretende-se analisar a crítica de Nietzsche à noção de gênio em Humano, demasiado humano, obra que marca a ruptura com a fase geralmente conhecida como “metafísica de artista”, cujas influências principais são a filosofia de Arthur Schopenhauer e o projeto musical de Richard Wagner. Partir-se-á de uma explanação sobre a contraposição estabelecida por Nietzsche entre ciência e metafísica para, a partir daí, examinar como a tarefa estética se transforma numa ciência da arte, entendida como uma análise histórico-fisio-psicológica da atividade do artista. Pretende-se, com isso, demonstrar como o mote central da crítica nietzschiana se dirige à ideia romântica de gênio, à qual é contraposta a ideia de um trabalhador da arte.
Abstract:
This paper aims to analyze Nietzsche’s critique of the notion of genius in Human, All Too Human. This notion marks a break from the phase commonly referred to as the “metaphysics of art,” whose greatest influence are the philosophy of Arthur Schopenhauer and the musical project of Richard Wagner. The starting point of our analysis is an explanation on the contrast established by Nietzsche between science and metaphysics. We then examine how the aesthetic task becomes a science of art and is understood as a historical, physiological, and psychological analysis of the artist’s activity. This paper intends to demonstrate how the central motto of the Nietzschean criticism addresses the romantic idea of genius (where talent and natural dispositions come together), which counterpoises the idea of an art worker.
DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v24i2p99-119
Palavras-Chave: Nietzsche, art, genius, science, metaphysics
Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.
Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.