A teoria da modernidade de Habermas e a questão do racionalismo ocidental: uma crítica à cegueira e à romantização do racionalismo

v. 21 n. 1 (2016) • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Autor: Leno Francisco Danner

Resumo:

Reconstruirei a compreensão habermasiana dos fundamentos do racionalismo ocidental e sua contraposição às visões míticas de mundo: o racionalismo possibilitaria, devido à sua capacidade de descentração e à sua separação entre natureza, cultura e individualidade, a reflexivização da prática cotidiana e, com isso, a formação de uma consciência moral universalista, que garantiria a fundamentação formalista, universal das normas. A partir disso, defenderei que a posição habermasiana em relação ao racionalismo sofre de uma cegueira histórico-sociológica que, ao atribuir à cultura racionalista europeia superioridade em relação às visões de mundo mitológicas devido à capacidade de universalização daquela, por um lado reforça o sentido colonizador, missionário e messiânico do racionalismo europeu e, por outro, romanticiza o potencial universalista do racionalismo e sua episteme calcada na formalização dos valores. Meu argumento central consiste em que o único caminho que resta ao racionalismo é o voltar-se a uma crítica interna, recusando qualquer intento universalista.

DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v21i1p45-72

Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/filosofiaalema/article/view/110859

Palavras-Chave: Habermas,modernização, racionalismo,cultura e

Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.

Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.