Robert Boyle e a Química ExperimentalO Ensaio do Nitro: alguns aspectos relacionados à polêmica com Espinosa
Série 3 v. 11 n. 1 • Cadernos de História e Filosofia da Ciência
Autor: Luciana Zaterka
Resumo:
Com o objetivo de investigar alguns aspectos da polêmica entre Robert Boyle e Bento Espinosa, pretendemos analisar um pequeno tratado de físico-química escrito por Boyle em 1660: A physico-chymical essay containing an experiment with some considerations touching the differing parts and redintegration of salt-pete, ou simplesmente, “O Ensaio do Nitro”. Neste texto, Boyle mostra como o salitre pode ser decomposto pelo fogo em nitro volátil e nitro fixo e, ainda, como essas partes podem se recombinar para formar novamente a substância original. Desta maneira, Boyle acreditava que o salitre era uma substância heterogênea constituída por duas substâncias com propriedades físicas e químicas absolutamente distintas. Aqui nosso químico apresenta sua teoria corpuscular, desmantelando a teoria das formas substanciais.Na correspondência entre Espinosa e Oldenburg podemos perceber onde se localiza o ponto da polêmica entre o autor da Ética e nosso químico. Para Espinosa o nitro e as duas partes “decompostas” diferiam somente nas suas propriedades mecânicas, não ultrapassando, assim, o paradigma “físico-mecânico”. Pretendemos mostrar que a diferença entre os dois pensadores aparece como diferença entre uma ciência natural a priori (uma física matemática) e uma ciência natural a posteriori (uma química experimental) que pressupõem diferenças quanto aos conceitos de substância e causa. Esse pressuposto significa que a diferença entre ambos não se resume àquela entre um racionalista e um empirista, mas diz respeito a aspectos teológicos e ontológicos, como, aliás, é necessário no pensamento seiscentista. Palavras-chave: Boyle; Espinosa; Ensaio do Nitro; experimentalismo; química; contingência; necessidade.
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