Organizadores
V. 14, N. 1 • Conjectura: filosofia e educação
Autor: Paulo César Nodari e Everaldo Cescon
Resumo:
Com satisfação, apresentamos o volume 14, n.1 de 2009 da revista Conjectura. Os textos presentes neste número abordam diversos temas ligados à filosofia e à educação.
Em seu artigo, Liberale Ausbildung und multikulturelle Forderungen, Daniel Loewe afirma que a defesa liberal da educação escolar não é compatível com as demandas multiculturais, por excluir crianças de algumas exigências curriculares gerais por meio de exceções como, por exemplo, a que o Amish adquiriu em Yoder. Esta tese é defendida pela concepção de educação liberal,que inclui considerações paternalistas.
Jaqueline Stefani propõe no seu artigo, O logos em Heidegger: lógica,verdade e metafísica, repensar a linguagem não mais como um instrumento do qual o sujeito se apropria e desapropria de acordo com a própria vontade, mas como a própria casa do ser, no sentido heideggeriano do termo. Segundo a autora, a partir de Heidegger é desenvolvida a questão de como a fenomenologia se transforma em hermenêutica e de como a autocompreensão surge paralela a toda compreensão. A filosofia autêntica é aquela na qual, ao se questionar sobre algo, o sujeito é inserido na própria questão.
Em O cotidiano como fonte de pesquisa nas ciências sociais, Nilda Stecanela faz um contextualização teórica a respeito dos fundamentos da sociologia da vida cotidiana, valendo-se dos seus princípios para o desenvolvimento da pesquisa em ciências sociais e da sua utilização como perspectiva metodológica. Nos percursos argumentativos, situa o cenários e os sujeitos da pesquisa, sinalizando alguns instrumentos necessários para a escavação do cotidiano. No percurso do texto, tematiza os desvios das rotas do cotidiano e os desafios para a decifração dos seus enigmas. Procura, ainda, entrelaçar os aportes teóricos de Machado Pais e Melucci no tocante às metodologias de pesquisa qualitativa com os caminhos investigativos.
Sônia Matos, no texto A didática e suas forças vertiginosas, aborda questões revelantes sobre didática e currículo, fazendo interlocuções com outras áreas do conhecimento como a filosofia, a história da ciência e história da arte. O leitor vai encontrar duas forças que produzem e produziram as didáticas: as vertigens da modernidade e as da pós-modernidade. Essas forças vertiginosas traçaram territórios diferenciados nas propostas de currículos e de planejamento.
Em Aristóteles e a ação humana, Sônia Maria Schio, afirma que a ética aristotélica baseia-se em uma teoria da ação humana. Na sua visão, para fins de compreensão didática, ela pode ser decomposta em etapas e analisada em seus componentes. Dessa forma, pode-se avaliar os diferentes papéis desempenhados pela virtude e pela prudência, entre outros. A ética teleológica de Aristóteles parece portar componentes deontológicos, o que torna o estudo,além de importante, também filosoficamente interessante.
Vital Corbellini, em seu artigo A relação: os padres da Igreja com a educação antiga, afirma que os padres da Igreja receberam uma educação dentro do sistema grego romano que visava a tornar as pessoas cidadãs, membros da vida civil e comunitária. Pela educação eles se tornavam pessoas livres, capazes de coordenar serviços na sociedade. Essa era uma educação básica, popular, que possibilitava o conhecimento das ciência na época. A filosofia delineava valores comunitários e sociais. Eles frequentavam as escolas normais que o Império Romano oferecia a todos os povos dominados. Trata-se de um texto que dá uma visão de como os padres encararam a educação e de como a viveram em seu tempo.
Alice Maggi, em seu artigo Vulnerabilidade e proteção: a prática e a pesquisa em psicologia, estabelece ligações entre os conceitos clássicos principalmente na área da filosofia e demais ciências humanas, como a ética, a moral e a educação, bem como as circunstâncias cotidianas e contemporâneas,
como o acesso facilitado às informações, o incentivo à formação de recursos humano na área da pesquisa e o desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, tendo como meta indicar alternativas práticas e possíveis para operacionalizar a manutenção da pesquisa no contexto da vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, para garantir o cumprimento das recomendações éticas vigentes.
Em Educação Superior e sociedade do conhecimento: entre as orientações econômicas e pedagógicas do Banco Mundial na década de 1990, Cezar Luiz de Mari afirma que a década de 1990 e início do século XXI são marcados por reformas que atingem as estruturas do Estado brasileiro e com ela também a educação superior. Reformas que recambiam a noção de direito público à educação, conhecimento, a função do Estado, financiamentos, regidas pela agência Banco Mundial. Segundo a autor, nesse movimento a terminologia
“sociedade do conhecimento” emerge como fundamento epistemológico condicionando à universidade o papel de produtora de conhecimentos de valor econômico e de consenso. Mobiliza-se assim, um conjunto de orientações e discursos de agentes nacionais e internacionais para dar legitimidade às reformas tornando a educação superior objeto crescente de disputa de mercados e de espaço de resolução de problemas da pobreza e do desenvolvimento.
Agradecemos a todos os colaboradores e desejamos uma boa leitura.
Texto Completo: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/issue/view/2/showToc
Conjectura: filosofia e educação
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