DETERMINAÇÃO E DIFERENÇA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A RAZÃO SUFICIENTE SEGUNDO LEIBNIZ

Vol. 11, N. 2 (2014) • DoisPontos

Autor: Nuno Ferro

Resumo:

Entre os muitos textos em que Leibniz introduz e apresenta o princípio de razão suficiente está, como se sabe, o do parágrafo 7 dos Princípios da Natureza e da Graça. O texto diz: "Jusqu'icy nous n'avons parlé qu'en simples Physiciens: maintenant il faut s'elever à la Metaphysique, en nous servant du Grand Principe, peu employé communement, qui porte que rien ne se fait sans raison suffisante, c'est à dire que rien n'arrive, sans qu'il soit possible à celuy qui connoitroit assés les choses, de rendre une Raison qui suffise pour determiner, pourquoy il en est ainsi, et non pas autrement. Ce principe posé, la premiere question qu'on a droit de faire, sera, Pourquoy il y a plustôt quelque chose que rien? Car le rien est plus simple et plus facile que quelque chose. De plus, supposé que des choses doivent exister, il faut qu'on puisse rendre raison, pourquoy elles doivent exister ainsi, et non autrement" (LEIBNIZ, 1978a, 602). O texto é evidentemente muito denso e inclui uma enorme multiplicidade de aspectos que deveriam ser analisados, por exemplo, o pouco uso que se faz de um princípio que, todavia, está sempre presente em tudo o que pensamos e fazemos; o facto de ter de haver uma razão para haver algo e para haver o que há; o facto de o nada ser mais fácil do que o ente; que se entende, afinal, por razão, que é que queremos dizer quando dizemos que há razão para qualquer coisa; que é que a noção de suficiência acrescenta (ou não acrescenta) à noção de razão (isto é, uma razão insuficiente é, nalgum sentido do termo, ainda uma razão?), etc. O problema é, aliás, bem actual. D. Parfit, em On What Matters, escreve logo na primeira página do primeiro capítulo: "It is hard to explain the concept of reason, or what the phrase 'a reason' means. Facts give us reasons, we might say, when they count in favour of our having some attitude, or our acting in some way. But 'counts in favour of' means roughly 'gives a reason for'. Like some other fundamental concepts (…), the concept of a reason is indefinable in the sense that it cannot be helpfully explained merely by using words"(PARFIT, 2011, p. 31). Ou seja, não é claro a que é que corresponde a noção de razão, e apesar de Parfit ignorar tranquilamente o que a tradição pensou sobre o assunto, pode valer a pena regressar a Leibniz, também porque Leibniz se vangloria com frequência de dizer que o princípio de razão suficiente é o seu princípio.

 

DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dp.v11i2.35075

Texto Completo: https://revistas.ufpr.br/doispontos/article/view/35075/23543

Palavras-Chave: determinação,diferença,razão suficiente,Leibn

DoisPontos

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