Governar pela dívida e subjetividade funcional na educação: qual o lugar da deficiência?

v.31 n.63 set./dez. 2017 • Educação e Filosofia

Autor: Alexandre Filordi de Carvalho

Resumo:

A partir da leitura de Gouverner par la dette (LAZZARATO, 2014), o objetivo do trabalho consiste em investigar a relação das estratégias consolidadas em um tipo de sociedade governada pela dívida com a produção de subjetividades. Significa pensar que, neste tipo de sociedade, a subjetividade é absorvida pelos dispositivos e pelos agenciamentos da dívida compelindo cada um a uma experiência de endividamento próprio com uma mais-perfeição que nunca se obterá. Assim, reduz-se as possibilidades de modos de ser a uma subjetividade funcional. Privilegiando a deficiência como um valor próprio, a hipótese interpretativa assinala que o sujeito deficiente é um operador crítico e de mutação dos agenciamentos produtores de subjetividade na sociedade governada pela dívida. De um lado, porque o campo da deficiência anuncia uma polivocidade de sentidos contra a univocidade de sentidos que são forjados nas sociedades governadas pela dívida, sociedades com Estado (CLASTRES, 2009). Por outro lado, porque ao indagar a composição das unificações de sentidos, questiona-se a própria produção de subjetividades funcionais. Para tanto, o trabalho avança em três frentes. Na primeira, introduz a questão do governo da dívida na dimensão geral das sociedades com Estado e como esta relação assinala para uma produção cultural unificadora. A seguir, analisa a produção de subjetividade por intermédio do governar pela dívida. Finalmente, aborda a questão da deficiência como polivocidade de sentidos face à produção da subjetividade, trazendo implicações para se pensar o amplo papel da educação na cultura do governo pela dívida, perscrutando como a dimensão subjetiva pode ser distinta daquele a que somos destinados pela axiologia da dívida.

Abstract:

From the reading of Gouverner par la dette (LAZZARATO, 2014), the aim of this text involves investigating the relationship of the consolidated strategies  in  a  type  of  society  governed  by  debt  with  the  production  of  subjectivities. It means think that in this kind of  society,  the  subjectivity  is  absorbed  by  some dispositives and the assemblages of debt compelling each one to an own debting experience with a more-perfection that it never gets. Thus, it reduces the possibilities of ways of being in a functional subjectivity. Privileging the disability as a proper value, the interpretive hypothesis points out that the disabled subject is a critical acting and, in the same time, a changeable of the assemblages producers of subjectitivy in the society governed by debt. On the one hand, because the field of disability announces a polyvocity of sens against univocal meanings shapping in societies governed by debt, societies of the State (CLASTRES, 2009). On the other hand, because when it inquire the composition of the unifications of senses it asking the own production of functional subjectivities. At first, it introduces the issue of  governing  by  debt  upon  a  general  view  concerning  the  societies  of  the  State e how this relationship indicates to a cultural unifier production. Then, it analyzes the production of subjectivity through the governing by debt. Finally, it approaches the issue of disability as polyvocity of senses around the production of subjectivity, bringing some implications to think the broader role of education in the culture of government by debt, seeing how the subjective dimension can be different from that to which we are destined by the axiology of debt.

ISSN: Impresso: 0102-6801 e Eletrônico: 1982-596X

DOI: https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v31n63a2017-07

Texto Completo: http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/36724

Palavras-Chave: Governar pela dívida; Produção de subjetividades; Subjetividade funcional; Deficiência; Educação.

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