O amigo-inimigo: contribuições da filosofia indígena à teoria da amizade
v.37 n.80 maio/ago. 2023 • Educação e Filosofia
Autor: João Jackson Bezerra Vianna
Resumo:
Este ensaio pretende compreender algumas das imagens diversas que o amigo pode suscitar em nosso pensamento. Parte-se de uma crítica ao tratamento filosófico da tradição ocidental-moderna à amizade, questionando a tese aristotélica do amigo como um outro-si-mesmo, fraterno e irmão. Então, busca-se percorrer imagens a partir das filosofias indígenas, considerando a política de amizade inventada entre anfitriões indígenas e antropólogos. Nestas relações que envolvem Dom Juan e Castaneda, Kopenawa e Albert, Dzoodzo e este autor, vislumbra-se uma ética que se constitui a partir da imagem imanente do inimigo e não do irmão fraterno. Desta perspectiva, passamos a considerar, ao invés de uma alteridade binomial, como em Aristóteles, uma alteridade genérica, enquanto um fundo virtual de diferença, a partir do qual as relações de que são feitas a amizade são atualizadas. Esse movimento implica reconhecer enquanto sujeitos entes e seres não concebidos assim no arranjo sociopolítico moderno. Por fim, o amigo emerge como uma atualização de um outro-outro, deixando-nos com a questão extraída da metafísica indígena: quais são os efeitos políticos de reconhecer o amigo a partir da imanência do inimigo?
Palavras-chave: Amizade; Indígenas; Filosofias
Abstract:
The friend-enemy: contributions of indigenous philosophy to the theory of friendship
This essay aims to understand some of the diverse images that the friend can raise in our thinking. It starts from a critique of the Western-modern tradition's philosophical treatment of friendship, questioning the Aristotelian thesis of the friend as an an another self, fraternal and brotherly. Then, it seeks to go through images from indigenous philosophies, considering the politics of friendship invented between indigenous hosts and anthropologists. In these relationships involving Don Juan and Castaneda, Kopenawa and Albert, Dzoodzo and this author, we glimpse an ethics that is constituted from the immanent image of the enemy and not of the fraternal brother. From this perspective, we come to consider, instead of a binomial alterity, as in Aristotle, a generic alterity, as a virtual background of difference, from which the relations of which friendship is made are actualized. This movement implies recognizing as subjects entities and beings not conceived in this way in the modern socio-political arrangement. Finally, the friend emerges as an actualization of an other himself, leaving us with the question drawn from indigenous metaphysics: what are the political effects of recognizing the friend from the immanence of the enemy?
Key-words: Friendship; Indians; Philosophies
ISSN: e-ISSN: 1982-596X
DOI: https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v37n80a2017-68661
Texto Completo: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/68661
Palavras-Chave: Amizade, Filosofias, Indígenas
Educação e Filosofia
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