EU (NÃO) SOU NINGUÉM: A SUBJETIVIDADE SEM NOME

V. 14 N. 2 Maio-Agosto de 2017 • Kalagatos - Philosophical Journal

Autor: Giuseppe Cocco; Marcio Tascheco

Resumo:

O trabalho na metrópole contemporânea, ao mesmo tempo, criou novos mecanismos operacionais e produziu novas subjetivida-des antagônicas. No Brasil, junho de 2013, foi configurado como a brecha nacional de uma onda global de rebeliões multidões dentro da grande fábrica pós-moderna: a cidade. É dentro das cidades e da subjeti-vidade que os levantes têm vindo a desen-volver-se no capitalismo pós-fordista, o que nos permite dizer que tanto junho como o marco político imposto pelo estelionato elei-toral em 2014 (bem como o impeachment de 2016), precisam serem analisados na pers-pectiva desse deslocamento de paradigma. A revolta de Junho incomoda porque não se enquadra em nenhum esquema teórico ou político predefinido e porque é irrepresen-tável. A frase da manifestante entrevistada no calor dos eventos é sintomática: “escreve lá, eu sou ninguém”. Ela parece resgatar a astúcia de Ulysses, menos pela sua dimen-são homérica, como uma certa interpreta-ção agambeniana poderia levar a acreditar, e mais por ser capaz de organizar a disputa dentro da subjetividade. Por isso, mobiliza-mos Simone Weil e Hannah Arendt e suas críticas ao humanismo e a incapacidade dos países dos direitos humanos de ganhar essa batalha. As sombras de junho são insuportá-veis porque afirmaram a potência biopolítica do trabalho metropolitano. As máscaras de junho eram possíveis porque se baseavam na “emergência selvagem da classe sem nome”. O que buscamos neste artigo é esse poder vivo que pode inventar as instituições do comum metropolitano.

Abstract:

The Labor in the contemporary metropo-lis at the same time created new operating mechanisms and new antagonistic subject. In Brazil, June 2013 was configured as the national breach of a global wave of multitudi-nous rebellions within the great post-modern factory: the city. It is within cities and sub-jectivity that the uprisings have been deve-loping in the post-Fordist capitalism, which allows us to say that both June as the politi-cal balance that came from the electoral ra-cketeering in 2014 (even the impeachment in 2016), need to be analyzed by this paradigm shift. The uprising of June bother because it does not fit into any predefined theoretical or political scheme and that by being unre-presentative. The symptomatic statement of the protester interviewed in the heat of the events “writes there, I am nobody”, seems to rescue the cunning of Ulysses, less by its Homeric dimension as a certain agambe-nian interpretation could lead to believe, and more for what it is able to dispute within the subjectivity. Therefore, we mobilized Simone Weil and Hannah Arendt and their criticism of humanism and the inability of human ri-ghts countries to wage this battle. June sha-des are unbearable because they have affir-med the biopolitical power of metropolitan labor. June masks were possible because they were based on the “wild emergency of the unnamed class”. What we pursue to this article is this living power that can invent the commonwealth institutions.

ISSN: 1984-9206

Texto Completo: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/6263

Palavras-Chave: Trabalho imaterial, Metrópole, Subjetividade, Comum

Kalagatos - Philosophical Journal

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