LEITURAS CONTEMPORÂNEAS DE ROUSSEAU: CONSTANT, VAUGHAN, TALMON OU BERLIN: DE QUE LADO ESTARÁ O VERDADEIRO PENSAMEN-TO DO GENEBRINO?
V. 14 N. 2 Maio-Agosto de 2017 • Kalagatos - Philosophical Journal
Autor: Arlei Espindola
Resumo:
O Do contrato social, livro publicado por Rousseau em Paris em abril de 1762 é o trabalho que lhe notabiliza no campo do pensamento político. Nele imprimindo uma forma abstrata, metafísica, o filósofo põe-se a enfrentar o problema da relação entre li-berdade e autoridade, essa uma questão bastante espinhosa que suscita polêmicas e controvérsias fazendo às vezes perder-se a orientação verdadeira de seu pensamento. De um lado, aparecem aqueles que, tocados pela perspectiva liberal, contestam a essên-cia de suas ideias, tendo-o enquanto ditador e totalitário. B. Constant, vendo-o inspira-do nos antigos, em especial os gregos, no seio da pólis, entende que, embora come-ce orientando-se pelas ideias de Locke, tal como lhe interpreta também C.E. Vaughan, Rousseau acaba defendendo um modelo de Estado que absolutiza a vontade geral, vindo sufocar o indivíduo. Por essa linha teórica, avançam, guardados seus traços próprios, J. L.Talmon e I. Berlin, sendo que o primeiro julga que Rousseau termina fazendo-se pre-conizador daquilo que chama “democracia totalitária”, enquanto o segundo acredita que o genebrino peca por mitificar a figura do “eu verdadeiro” que se apresentaria como ver-dade única autorizando qualquer arbítrio. Penso ser possível divergir-se dessa pers-pectiva entendendo que a essência da dou-trina política de nosso autor não é autocráti-ca e totalitária e busca consumar um gênero elevado de liberdade. Visamos aqui, neste artigo, apoiarmo-nos neste conceito conven-cido de que nele está fundado o verdadeiro pensamento de Rousseau que não raro é muito mal lido, embora contenha ideias al-vissareiras no sentido moral e político.
Abstract:
Of the social contract, book published by Rousseau in Paris in April of 1762 is the work that marks him in the field of political thought. In it, in an abstract, metaphysical form, the philosopher confronts the problem of the relation between freedom and autho-rity, a rather thorny question that provokes controversy, sometimes losing the true orien-tation of his thought. On the one hand, there are those who, touched by the liberal pers-pective, challenge the essence of his ideas, considering him dictator and totalitarian. B. Constant, seeing him inspired by the ancient thinkers, especially the Greeks, within the polis, understands that, although he begins by orienting himself by the ideas of Locke, as he is also interpreted by C.E. Vaughan, Rou-sseau ends up defending a model of state that absolutizes the general will, and suffoca-tes the individual. By this theoretical line, J.L. Talmon and I. Berlin move on, taking their own traits into consideration, the former be-lieving that Rousseau ends by making him-self an advocate of what he calls “totalitarian democracy,” while the latter believes that the genevan errs on idolizing the figure of the “true self” that would present itself as the only truth authorizing any discretion. I think it is possible to depart from this perspective by understanding that the essence of our au-thor’s political doctrine is not autocratic and totalitarian seeking to achieve a high degree of freedom. In this article we intend to rely on this concept convinced that it is based on Rousseau’s true thought, which is often very poorly read, although it contains whimsical ideas in the moral and political sense.
ISSN: 1984-9206
Texto Completo: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/6277
Palavras-Chave: Filosofia; Política; Homem; Liberdade; Autoridade
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