Começo e progressão expositiva na filosofia política de Spinoza: Um encontro com Hegel

V. 1 N. 2 (2004): Verão de 2004 • Kalagatos - Philosophical Journal

Autor: André dos Santos Campos

Resumo:

Partindo de problemas metodológicos inerentes à filosofia política hegeliana, como o problema do seu começo e a verificação e desenrolar de uma dialéctica política, procura-se a identificação do começo da filosofia política de Spinoza e uma compreensão do seu desenvolvimento expositivo, como meio determinativo de uma dialéctica política spinozista. Uma releitura da política hegeliana impõe-se-nos primeiramente: o começo é identificado como pura imediatez e máxima abstracção, avançando progressivamente num esquema dialéctico triádico representado pelo Direito Abstracto, a Moralidade e a Eticidade, na qual o Estado na história universal culmina a objectivação e efectivação do espírito subjectivo que se quer livre. Spinoza, por sua vez, inicia o pensar político pela definição de direito natural que, aplicada ao indivíduo finito humano, isolado no estado de natureza, não passa de mero enunciado formal: é pela constituição de alianças e mediações crescentes que o mesmo indivíduo se potencia e se torna mais natural. Enfim, é analisada a crítica de Hegel, presente nas Lições sobre a História da Filosofia, à metodologia de Spinoza, e um enquadramento sobreposto de ambas as exposições abordadas conduz à possibilidade de uma semelhança dialéctica, com excepções específicas quanto ao pensar hegeliano.

Abstract:

Taking as a starting-point some methodological problems inherentto Hegel’s political philosophy, such as the problem of its beginningand the presence and development of a political dialectics, it isintended the identification of the beginning of Spinoza’s politicalphilosophy and a comprehension of its way of exposition, in orderto determine the presence of a political dialectics in Spinoza’sthought. A re-reading of Hegel’s politics is primarily needed: thebeginning is identified as pure immediacy and maximumabstraction, developing into a triadic dialectical structurerepresented by Abstract Right, Morality and Ethical Life, wherethe State in the world history culminates the actualisation of thefreedom of the subjective spirit. Spinoza, on the other hand, beginshis political presentation by means of the definition of jus naturae,which, applied to the isolated human individual in the state ofnature, is merely a formal assertion: it is only through theconstitution of alliances that this individual will gain potentiaand become more natural. Finally, Hegel’s critic of Spinoza’smethodology (present in the Lectures on the History ofPhilosophy) is analysed, and a comparison between both methodsof exposition of political philosophy leads us to the conclusionthat it is possible a dialectical similarity, except for specificelements in Hegel’s doctrine.

ISSN: 1984-9206

Texto Completo: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/5632

Palavras-Chave: Começo, Hegel, Dialéctica, Spinoza,Política.

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