ARENDT E FOUCAULT: CONSIDERAÇÕES SOBRE FILOSOFIA E DEMOCRACIA

n. 30 (2019) • Prometeus: journal of philosophy

Autor: Anderson A. Lima da Silva

Resumo:

A condenação legal de Sócrates pelo júri democrático ateniense no ano de 399 a. C. ofereceu copiosa matéria reflexiva no que toca às relações entre filosofia e política. Segundo Hannah Arendt, trata-se de um ponto de inflexão que viria a respaldar, a confeccionar certo estatuto e “lugar” ao filósofo – e sobretudo ao “pensador profissional” –, estabelecendo, concomitantemente, “nossa tradição do pensamento político”. Ressalta, nessa direção, a abertura do “hiato entre filosofia e política”, entre pensamento e ação, a cisão entre vita activa e vita contemplativa. Partindo de problemática análoga, Foucault ressaltará, em seus cursos dos anos 1980, aquilo que denominará “crise da parrhesia [franco-falar] democrática no pensamento grego do século IV”. Com este contexto paradigmático em vista, buscaremos considerar como ambas as leituras alocam Sócrates em posição peculiar. Arendt destacará que, desviando-se da “tirania da verdade” própria à epistémé, Sócrates apostaria na pluralidade da revelação da veracidade das doxai, das opiniões de seus concidadãos e, correlatamente no acordo que sucede às suas ações; Sócrates seria, antes de tudo, um “cidadão pensador”. Foucault, ao enfatizar a relação ao mesmo tempo necessária e irredutível da filosofia socrática à vida da pólis, ressalta a atuação do filósofo crítico e as tensões inerentes à sua prática. Estas duas perspectivas, entretanto, não se restringem à reflexão sobre a filosofia no quadro de “crise” da democracia Antiga, mas procuram redirecionar, reaquilatar ou reelaborar questões ao campo político e filosófico atual, assumindo os desafios do tempo presente.

Texto Completo: https://www.ojs.ufs.br/index.php/prometeus/article/view/11690

Prometeus: journal of philosophy

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