OS SENTIDOS NO ECLIPSE DA RAZÃO. A OPÇÃO DE DOM LUCIANO PELO TATO
Inconfidentia v.4, n.8 • Revista de Filosofia Inconfidentia
Autor: OLIVEIRA, Ibraim Vítor de
Resumo:
Oartigo pretende colocar em discussão a antiga relação entre sensibilidade e razão. Pergunta-se:a razão é capaz de criar seus próprios conteúdos e estabelecer nexos adequados com as circunstâncias vividas? Parece que não. Recai sobre a sensibilidadeo pontapé inicial dos lances racionais: o inteligível universaltem sua origem no sensível particular.Por longos anos, a batalha filosófica se concentrou nesse campo minado, verdadeiro “escândalo ontológico”. Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino, dentre outros, tentam se manter nesse terreno perigoso. A filosofia moderna quer escapar desse risco, mesmo que para isso seja necessário proclamar a autossuficiênciada razão. Com Descartes, a ratiose reveste de soberania, e o sensível é abandonado ao registro do extenso. O cálculo racional é agora instrumentalizado. Contra esse processo, se insurge a maioria dos filósofos contemporâneos, em especial Adorno e Horkheimer mediante o epíteto de “eclipse da razão”. Poder-se-ia perguntar: a adesão a uma intrínsecaambiguidadeda razão não deveria ser aceita por nós para que nos salvemos da supremacia violenta de uma razão que tudo instrumentaliza e domina? A tese de Dom Luciano, inspirada em Tomás de Aquino, nos indicará pelo menos duas pistas atuais: nada há de aviltante na aceitação da ambiguidade da razão, por isso, atribua-se justo valor ao concurso sensível; dentre os sentidos e sensações, o mais fundamental é o tato. A nossa civilização está centrada em duas sensações complementares: o vergrego e o ouvirhebraico. Reavivar o sentido filosófico da sensação tátil não poderia abrir novos horizontes de vida, menos violentos?
Abstract:
L’articolo intende discutere la vecchia relazione tra sensibilità e ragione. La ragione è in grado di creare il proprio contenuto e stabilire collegamenti appropriati con le circostanze vissute? Sembra di no. La sensibilità è il punto di partenza per le mosse razionali: l’intelligibile universale ha la sua origine nel particolare sensibile. Per molti anni, la battaglia filosofica si è concentrata su questo campo minato, un vero “scandalo ontologico”. Platone, Aristotele, Tommaso d’Aquino, tra altri, cercano di vivere su questo terreno pericoloso. La filosofia moderna vuole mandare via questo rischio, anche se è necessario proclamare l’autosufficienza della ragione. Con Cartesio, la ratiosi riveste di sovranità, ed il sensibile è lasciato al rango dell’extenso. Il calcolo razionale è così strumentalizzato. Contro questo processo, la maggior parte dei filosofi contemporanei insorge, in particolare Adorno e Horkheimer attraverso l’epiteto “eclissi della ragione”. Ci si potrebbe chiedere: l’adesione ad un’ambiguità della ragione non dovrebbe essere accettata da noi in modo che possiamo salvarci dalla supremazia violenta di una ragione che strumentalizza e domina tutto? La tesi di Dom Luciano, ispirata a Tomaso d’Aquino, ci fornirà almeno due indirizzi attuali: non c’è nulla di sfavorevole nell’accettare l’ambiguità della ragione, quindi un giustovalore si dovrebbe attribuire alla sensibilità; tra i sensi e le sensazioni, il più fondamentale è il tatto. La nostra civiltà è incentrata su due sensazioni complementari: il vederegreco e l’ascoltareebraico. Ravvivare il senso filosofico della sensazione tattile non aprirebbe nuovi orizzonti di vita, meno violenti?
ISSN: 2318-8138
Texto Completo: http://inconfidentia.famariana.edu.br/wp-content/uploads/2020/08/2.Ibraim.pdf
Palavras-Chave: Ambiguidade da razão. Sensibilidade. Escândalo ontológico. Tato. Ver.
Revista de Filosofia Inconfidentia
A Revista de Filosofia InconΦidentia surgiu como veículo de divulgação e incentivo à pesquisa da Faculdade “Dom Luciano Mendes – DLM”. O nome recebido está relacionado ao fato da instituição se situar na região dos inconfidentes em Minas Gerais – Ouro Preto e Mariana, principalmente. Ela possui caráter filosófico e tem periodicidade de seis meses. O objetivo é tanto divulgar as pesquisas docentes realizadas no sítio da instituição como dialogar com articulistas provenientes de outras instituições de ensino superior da área, sejam nacionais ou estrangeiras. A InconΦidentia recebe artigos originais, frutos de pesquisas filosóficas, resenhas de livros e tradução de textos.
Sobre os organizadores da Revista de Filosofia InconΦidentia:
EDVALDO ANTONIO DE MELO é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), bolsista Capes (programa DPE), com pesquisa na área da ética. Mestre em História da Filosofia pela mesma Universidade, tendo realizado pesquisa relacionada à ética e à linguagem em Emmanuel Lévinas. Pós-graduação lato-sensu pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP - MG). Bacharel em Teologia pelo Centro de Estudos Superior de Juiz de Fora (CESJF). Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Diretor Acadêmico, Coordenador do Curso de Filosofia e Professor na Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM / Mariana-MG). Integra o grupo de pesquisa Fenomenologia e genealogia do corpo da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE / Belo Horizonte-MG). Possui experiência docente e de pesquisa no ensino superior e se interessa por questões referentes à ética, à linguagem, à ontologia, à metafísica, à fenomenologia e à literatura. Membro do CEBEL: Centro Brasileiro de Estudos Levinasianos.
MAURÍCIO DE ASSIS REIS é doutor em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), especialista em Filosofia também pela UFOP e bacharel em Filosofia pela Faculdade Arquidiocesana de Mariana, atual Faculdade Dom Luciano Mendes; sua pesquisa refere-se às relações entre experiência , linguagem e história e seu estatuto na concepção da unidade da obra de Theodor W. Adorno. Atualmente, é Professor Assistente II pela Faculdade Dom Luciano Mendes, atuando no curso de Filosofia; Professor Nível I, Grau A, pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), atuando junto ao Departamento de Ciências Humanas da unidade de Barbacena e nos cursos de Pedagogia e Ciências Sociais; e Professor pela Univiçosa, atuando nas áreas de filosofia e ciências sociais no curso de Direito e na área de bioética nos cursos de Fisioterapia e Odontologia. É autor de “Adorno: estudos sobre experiência e pensamento” e organizador de “Entre o ser e o não-ser”; membro permanente do Grupo de Trabalho (GT) de Teoria Crítica da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF).
CRISTIANE PIETERZACK é doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. É Perita em Magistério Eclesial e Normativa Canônica pelo Studium de Roma (2015). Mestra em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (2013) com especialização em Filosofia Prática. Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (2009), com ênfase em fenomenologia e hermenêutica. Graduada em Filosofia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2005). Tem experiência de docência universitária e de práxis filosófica. É pesquisadora na área de hermenêutica, ética e ciências da família. É coordenadora do Centro de Estudos sobre a família, da Domus ASF.