Pode haver uma ciência psicanalítica sem uma metapsicologia especulativa?

Vol. 11, No. 3 • Scientiae Studia

Autor: Leopoldo Fulgencio

Resumo:

Neste artigo pretendo explicitar dois sentidos básicos dados ao termo "metapsicologia" na história da psicanálise: como teoria sobre o desenvolvimento psicoafetivo do ser humano, que considera as determinações inconscientes, e como um conjunto de conceitos auxiliares, que servem como uma superestrutura especulativa teórica da psicanálise. Depois, procurarei mostrar porque é possível afirmar que Winnicott tanto rejeitou como refundou a teoria metapsicológica psicanalítica. Com tal tipo de análise, pode-se esclarecer em que sentido Winnicott usa conceitos abstratos (tais como "necessidade de ser", "tendência inata à integração", "elemento feminino puro", "solidão essencial", dentre outros), mas não conceitos especulativos, uma vez que os primeiros podem ter referentes adequados na realidade fenomênica e os segundos não. Esse tipo de distinção também torna possível recolocar a questão do lugar e da necessidade da teorização metapsicológica no desenvolvimento da psicanálise, colocando, como possibilidade, a construção de uma teoria psicanalítica como sendo uma ciência que não necessita de construções auxiliares especulativas tal como Freud propôs.

Abstract:

The purpose of this article is to elucidate two basic meanings given to the term "meta-psychology" in the history of psychoanalysis: as a theory about the psycho-affective development of the human being which takes into account unconscious determinations, and as a group of supporting concepts which serve as a speculative theoretical superstructure of psychoanalysis. Secondly, this article will show why Winnicott rejected and refundedthe meta-psychological psychoanalytical theory. With this type of analysis, it is possible to explain how Winnicott uses abstract concepts (such as "need of being", "inborn tendency towards integration", "pure feminine element", "essential loneliness", among others) but not speculative concepts, seeing that abstract concepts may have appropriate referents in the phenomenal reality and speculative concepts may not. This type of difference is also used to examine the issue of the place and the need of a meta-psychological theorization in the development of psychoanalysis, offering the possibility of constructing a psychoanalytical theory as a science which needs no speculative supporting constructions as suggested by Freud.

DOI: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662013000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Texto Completo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662013000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Palavras-Chave: Psychoanalysis,Science, Meta-psychology, Spe

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