A fascinação da compulsão tecnológica: sobre a racionalidade científica em Hans Jonas
Vol. 13, No. 2 • Scientiae Studia
Autor: Maurício Chiarello
Resumo:
Em que medida a proposta de uma nova ética para a civilização tecnológica, elaborada por Hans Jonas, possuiria o condão de convocar os cientistas para o efetivo exercício de sua responsabilidade perante à natureza ameaçada? O esclarecimento, que sua obra pretende levar a termo a respeito dos crescentes perigos associados ao progresso técnico-científico, não procura fundamentalmente refrear, em caráter emergencial, a cega compulsão de aplicação tecnológica, com os perversos efeitos associados à tecnolo gização e à mercantilização da ciência em nossos dias? Com efeito, sua crítica da ideologia legitimadora do progresso tecnocientífico procura, em última instância, debelar o processo compulsivo de aplicações tecnológicas, considerado perverso em si mesmo, não se permitindo considerar de que outra forma o progresso tecnocientífico poderia vir a desenvolver-se, de modo a tornar-se efetivamente capaz de atender valores humanos, sociais e ambientais. A partir da explicitação dos impasses a que conduz a proposta de Jonas, respaldamo-nos nos estudos de Hugh Lacey para apresentar uma forma alternativa de estru turação das atividades científicas. Visando suplantar esses impasses, procuramos investigar em que medida o desejável acolhimento de valores morais, sociais e ambientais, por parte das práticas científicas e tecnológicas vigentes, poderia estar conjugado com uma experiência propriamente estética capaz de propiciar a abertura à alteridade e o acolhimento de valores alheios. A investigação do concurso de uma experiência deste teor é realizada à luz de motivos de pensamento presentes nas obras de Theodor Adorno e Herbert Marcuse.
Abstract:
To what extent does the proposed new ethics for technological civilization, developed by Hans Jonas, have the power to convene scientists for the effective exercise of their responsibility to nature that is under threat? Does not the clarification, which his work is intended to further about the growing dangers associated with technical and scientific progress, seek basically to restrain, as a matter of emergency, the blind technological compulsion that leads to the perverse effects associated with technologizing and commercializing science today? Indeed, his critique of the legitimating ideology of techno-scientific progress ultimately intends to overcome the compulsive process of technological application, considered perverse in itself, that does not allow that other forms of techno-scientific progress could be developed that would become able to attend effectively to human, social and environmental values. Starting from the explanation of the impasses to which Jonas' proposal leads, we based ourselves on studies of Hugh Lacey in order to present an alternative way of structuring scientific activities. Aiming to overcome these impas ses, we investigate to what extent the desired attention to moral, social and environmental values by current scientific and technological practices could be connected to an aesthetic experience that is able to provide openness to otherness and the reception of foreign values. Investigating the contribution of an experience of this kind is conducted in the light of thought motifs of Theodor Adorno and Herbert Marcuse.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1678-31662015000200006
Texto Completo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662015000200369&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Palavras-Chave: Domination of nature,Jonas, Technoscience,
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